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Design estratégico é onde o design e o marketing se encontram: o projeto conduzido pela estratégia mercadológica do negócio, produto ou empresa, orientado para as pessoas (usuários) e voltado para o futuro, o durável, o memorável. Sua principal área de atuação é no branding, desenvolvimento de produtos, identidade corporativa, identidade visual e prestação de serviços.
São 03 aspectos prioritários do design estratégico:
- Observa o mercado, atuando de maneira estratégica, criando projetos funcionais.
- Atende necessidades humanas, tendo seu foco no usuário e não apenas no produto.
- Atribui significado e cria relevância.
A função dentro do mercado
Todo produto de design deve respeitar tanto sua forma quanto sua função. É um dos fatores que diferencia a arte aplicada das artes plásticas, cuja função é puramente estética. A marca de uma empresa tem dentre suas funções diferenciar-se de seus concorrentes, inserí-la em seu mercado de maneira positiva e conectar-se com aspectos racionais e emocionais de seu publico, parte de maneira consciente e parte subconsciente.
Quando designers atuam colocando seu traço pessoal nos projetos, desconsiderando questões mercadológicas ou necessidades especificas da marca ou empresa, o produto afasta-se da área projetual e aproxima-se do status de “obra de arte”. Nesses casos, muitas vezes os produtos são até assinados para atribuir o valor do nome do “artista” à obra. Muitas vezes a forma perde a função nesse processo. É a “marca bonita” que pode não funcionar, seja por um desalinhamento com a estrutura e objetivos da empresa ou por falhas do ponto de vista da comunicação visual. “Quando você não sabe para onde está indo, qualquer caminho lhe levará para lá.” (George Harrison)
O design estratégico observa o mercado, e nele baseia o projeto, criando diretrizes para que tudo seja coeso e consistente, para si, o mercado e seu público. A forma segue a função, e a função é diagnosticada na estratégia de marca. Saber para onde vai facilitará o planejamento de como chegar lá.
Atenção ao Produto x Atenção ao Usuário
Quando o foco projetual é no produto, na melhoria do produto, mesmo que esse produto seja uma marca, tende-se a deixar à margem o seu usuário, o cliente. Muitas vezes a melhoria do produto pode significar a mudança produto em detrimento de outro que melhor atenda aos anseios do seu usuário.
Por exemplo, empresas que trabalhavam com máquinas de escrever. Muitas acreditaram que tornar seu produto melhor era fazer também melhor para seu usuário. No entanto a melhor máquina de escrever não conseguiria rivalizar com um computador mediano. A necessidade humana que o produto “máquina de escrever” atendia era ter seus textos (conhecimento, histórias, ideias) registrados e organizados de maneira rápida e eficaz. O computador era o melhor caminho para atender a essa necessidade, e seu surgimento no mercado fez a melhor máquina de escreverão ser mais o melhor produto.
Outros exemplos que podemos observar são os inúmeros casos de mudança de identidade visual que destoaram da essência da marca, de seu DNA, e perderam conexão com seu público, fazendo as empresas darem meia volta e reatarem com suas identidades antigas. “As pessoas ignoram projetos que ignoram pessoas.” (Frank Chimero)
Ao pensar em uma marca e sua representação visual temos de estabelecer ou diagnosticar sua estratégia, tendo em mente qual o nosso público, qual a percepção que queremos que ele tenha da marca e por que queremos essa percepção, quais afinidades e conexões poderão ser estabelecidas ou já são existentes entre a marca e seu público, e como a experiência do usuário em suas diversas possibilidade de interação com a marca podem tornar-se memoráveis.
Relevância e Significado
“Isso não é uma moto, é uma Harley!”, “Isso não é um celular, é um iPhone!”, “Isso não é um eletrodoméstico, é um Brastemp!” Essas frases, ora utilizadas pelo usuário, ora pela comunicação da empresa, representam algo interessante: singularidade. Mesmo uma Harley-Davidson sendo uma moto, ela possui tanta relevância para seu público que se destaca das demais, seu significado é outro, mais amplo, um conceito além do produto, uma história além da marca.
Apenas uma estratégia de marca bem definida, que alinhe os aspectos emocionais e racionais da percepção, pode garantir uma marca relevante. Em uma marca relevante, o significado por trás do projeto é percebido parte de maneira consciente e parte subconsciente, mas percebido em coerência. “O negócio é gerar emoção para gerar mais negócio.” (Jimmy Cygler)
Enfim…
Ao projetar sua marca, produtos ou serviços o melhor caminho é fazer isso através do design estratégico, para levar em conta tanto os aspectos mercadológicos, como as necessidades humanas e impregnar de significado o projeto, criando relevância entre aos concorrentes e diante da sociedade. Planejar primeiro e projetar depois. Analisar fortemente quais objetivos devem ser alcançados para que sejam criadas as estratégias de concretiza-los da melhor maneira para você e sua empresa.